13 de jun. de 2011

O Android

Ainda me lembro, nós dois sentados embaixo daquela castanheira, fazendo planos, imaginando histórias, sentindo saudades antecipadas do que estava por acontecer, ou não. De uma hora pra outra, tudo se foi. Me dei conta de que aquilo, aquilo tudo, foram só palavras jogadas ao vento. Do nada, tudo se perdeu, escorreu pelas minhas mãos como água, ainda tentei segurar, em vão. E agora, quando me deito no sofá, não consigo mais ouvir a chaleira apitando, você falando ao meu ouvido, as crianças correndo no quintal... Foram só palavras, só palavras. Enfim, consegui refazer minha programação primária, voltei a ser o que era. De hoje em diante não fujo mais da minha natureza, não tentarei ser quem não sou. Sou somente um Andróide, não posso amar, não posso odiar, não posso chorar.